Nova eleição não resolveria os principais problemas do país.
2/5/2017
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Educação e cidadania são termos politicamente interligados. Um povo devidamente instruído alcança maior grau de consciência de seu papel social em um Estado, em uma nação e passa, consequentemente, a participar mais ativamente das decisões políticas que envolvem a sociedade.
Tomando por base essa preocupação e a constituição da noção de cidadania no estado brasileiro, como consequência da dessacralização das velhas estruturas de dominação e opressão herdadas do colonialismo, uma perspectiva elástica do conceito de laicidade, o professor Doutor Rafael Moura, das Faculdades Santo Agostinho, defendeu, o tema “ Das raízes cidadãs da confessionalidade do II Reinado brasileiro à Primeira República Laica: apontamentos sobre liberdade e a vida social à luz da laicidade” em sua tese de doutorado.
“O objetivo da tese foi trabalhar um novo conceito de laicidade que não representa apenas a separação de Estado e igreja. Esse conceito novo de laicidade é muito mais amplo, engloba uma dessacralização de várias estruturas herdadas do colonialismo e que progressivamente, ainda que lentamente ou de forma despercebida, vão sendo destruídas”, explica Rafael.
Para demonstrar esse novo conceito, Rafael se utiliza de dados históricos que são ressignificados na estrutura da sociedade atual. “A tese ajuda no esclarecimento por parte da sociedade, para visualizarem que questões tão antigas ainda ocorrem de outras formas, reinterpretadas, mas com os mesmos atores, dominantes e dominados, em uma relação complexa de poderes político e econômico. Não temos mais escravos, mas temos pessoas exploradas economicamente, pessoas reduzidas a condição de escravo em trabalhos degradantes, por exemplo, ” enfatiza o coordenador.
Essa estrutura poderia ser modificada, segundo o Coordenador, se houvesse investimento em educação, não somente a formal, mas também a que favorecesse a construção e o amadurecimento nos indivíduos de valores políticos e cidadãos, a partir do núcleo familiar mesmo. “Eu proponho com a tese uma revalorização, uma reconstrução da formação dos indivíduos no Brasil. Sem educação, o brasileiro não vai se tornar um cidadão capaz de demandar mudanças estruturais no país”, declara.
Com essa defesa, Rafael conclui que a política no país não sofreria grandes mudanças, mesmo que houvessem novas eleições. “A questão não é acabar com Congresso Nacional, acabar com os políticos que lá estão, mas sim mudar culturalmente a forma com que elegemos os que nos representam. Do contrário, elegeremos no lugar as mesmas pessoas que fazem o que sempre foi feito em matéria de práticas corruptivas e vícios imiscuídos na velha e viciosa política oligárquica”, finaliza Moura.