24/4/2018
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Falar sobre a questão do respeito à diversidade, desarmar-se de preconceitos e compreender a realidade da população de baixa renda foram alguns dos objetivos do I Colóquio sobre Direitos Humanos e Respeito à Diversidade, realizado no Campus JK, na noite desta segunda-feira, 23, com a participação de mais de 350 estudantes dos cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Psicologia das Faculdades Santo Agostinho.
O evento também reuniu estudantes do curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), representantes de movimentos sociais e ativistas dos Direitos Humanos.
No ato do credenciamento, os participantes entregaram 1 kg de alimento não perecível, que será doado para instituições sociais da cidade. O I Colóquio sobre Direitos Humanos e Respeito à Diversidade apresentou, também, uma exposição fotográfica e audiovisual do fotógrafo Lucas Viggiani, além de exposição de atividades de extensão com Quilombolas e Indígenas.
A abertura ocorreu com a apresentação da Companhia de Danças Folclóricas Saruê. Em seguida, o professor Reinaldo Silva Pimentel Santos abordou a questão do racismo, instigando os presentes a pensarem sobre o assunto de forma não velada, com o tema “Somos Racistas? Considerações sobre o preconceito e a discriminação racial no Brasil”.
Reinaldo Pimentel, a todo instante, provocava o público com perguntas que o levavam às origens do racismo, desde o Brasil Colônia até os dias atuais, sempre instigando a pensar fora da zona de conforto. “Temos que sair da caixa, pois trabalhar o tema racismo no Brasil é extremamente difícil. Eventos como este são importantes para trazer à tona algo que muito nos incomoda que é o racismo velado. É necessário a ressignificação e identidade do povo brasileiro, sua miscigenação, sua cultura. A experiência escravocrata trouxe grandes reflexos na economia, divisão de bens e questões sociais que se fazem presentes até os dias de hoje. As Faculdades Santo Agostinho estão no caminho certo, pois tratar deste assunto é extremamente importante e ele deve ser levado para as salas de aula para serem problematizados entre os seus estudantes”, destacou.
Simone Rosiane Corrêa Araújo, segunda palestrante da noite, falou sobre “Breves reflexões sobre representação de gênero e diversidade sexual”. A professora destacou que este tema está presente no cotidiano, e como futuros profissionais da área da saúde, os acadêmicos devem estar preparados para tais situações. “Nos cursos da área da saúde, os novos profissionais vão se deparar com casos de violência sexual, de gênero, de credo, cor e religião. Eles precisam saber como lidar nestes casos. Por isso, alguns conceitos e diferenciações são importantes, para transformar o profissional e qualificá-los para o mercado de trabalho”, ressaltou.
Professora no Curso de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho, Renata Lydiane Soares Silva participou do colóquio e ressaltou que o evento serviu como uma integração muito importante para os participantes. “Vivemos um momento de muita fragilidade e bloqueio entre as pessoas. Grande parte é culpa das redes sociais que aproximam as pessoas virtualmente, mas as afastam do contato interpessoal. Discutir questões sobre o racismo e sobre gênero é importante nos dias de hoje, pois as diferenças devem ser levadas em considerações e respeitadas ao lidar com o próximo com respeito em sociedade”, disse.
Quilombola e acadêmica do 7º período de Farmácia, Eliane Pereira de Aquino, veio da comunidade de Brejo dos Crioulos (situado entre Varzelândia, Verdelândia e São João da Ponte) para estudar nas Faculdades Santo Agostinho e ressaltou o seu orgulho em estar cursando uma faculdade e o sonho de um dia voltar para a sua terra natal e ali colocar em prática, entre o seu povo, tudo que aprendeu. “Estudo aqui com Fies 100% e quando vejo debates calorosos como este aqui, em que discutimos os direitos dos menos favorecidos, fico extremamente feliz. Sou quilombola com orgulho, vim para Montes Claros para estudar, mas quero retornar ao meu povo e ali poder colocar em prática tudo que aprendi aqui. Somos discriminados, muitas vezes desrespeitados, mas acredito que somente através da educação e do conhecimento, poderemos vencer as barreiras do preconceito e da desigualdade social”, finalizou.